sábado, 26 de novembro de 2011

Площа Україні - Praça da Ucrânia #2

Continuando meus relatos pela Praça da Ucrânia:

Depois que conheci o "pessoalzinho", vi um cara de aproximadamente 35, 40 anos de idade, com bermuda, camisa pólo, boné, óculos escuros e chave do carro na mão, entrando no círculo com seu filho de no máximo 8 anos. Falei: "E aí cara, tudo certo? Vieram trocar figurinhas?"
Ele imediatamente falou "Opa! Vâmo começar?"
Então começamos; o procedimento padrão é o seguinte: cada um já traz de casa seu bolo de figurinhas separadas por ordem numérica, um papel com os números faltantes e uma caneta. Então, trocam-se os bolos de figurinhas, e os dois trocadores separam simultaneamente as figurinhas faltantes do colega. Ao final da separação, é feito o balanço de quantas faltantes ficaram pra cada um, e finalmente negocia-se comofaz se algum ficou com mais que outro. Geralmente, somente acerta-se a quantia devolvendo ao colega mais repetidas, até que se iguale o número de figuras coletadas por cada uma das partes.

Enfim, fiz isso umas 20, 30, 40 vezes naquele sábado que fui. E a cada troca, fui percebendo que o trocador era diferente. "Mas é claro, vc não ia ser idiota de trocar duas vezes com a mesma pessoa!"
Lógico... Mas quero dizer diferente em tudo: no jeito de guardar o bolo (com elástico, papel, sacola, caixinha, bolso, etc), no jeito de trocar, na ordenação das figurinhas, no ritmo de separação, etc... Então, lá vai o tipo "padrão" que eu vi em aproximadamente 70% dos trocadores da praça:

Um pai bonachão, com roupa esporte, que veio à praça de carro trazendo seu filho pequeno, que só tem o trabalho de colar as figurinhas trocadas quando chegar em casa. Enquanto o pai fica garimpando trocadores debaixo de sol, negociando e se preocupando, o filho fica do seu lado como um mero acompanhante, ou vai brincar no parquinho, ou nem vem: fica em casa esperando o papai fazer todo o serviço.

Eu fui à praça pensando que iria negociar com criancinhas de no máximo 10, 12 anos, mas me deparei com os pais. Perguntei a um deles: "Escuta... Vocês não deixam os filhos trocarem as figurinhas, já que o álbum é deles?"
Ele respondeu de pronto: "Ih, não rapaz, dá uma confusão... Eles se perdem, não ordenam por número, nem sabem negociar, vão trocando tudo que conseguem de uma vez só... É perigoso, vai que um pirralho passa a perna neles, eles saem perdendo figurinha e tudo..."

"Mas que eu saiba, ESSE é o propósito da troca! Incentivar pra que os moleques aprendam a se organizar, negociar, conversar e se entrosar, e aprenderem a não serem passados pra trás..."
Aí o cara só sorriu pra mim, me devolveu meu bolo (do qual ele tinha pegado umas 5 figurinhas), e foi procurar outro colega pra trocar.


Mostro aqui minha indignação quando vejo que os pais deixam os filhos, verdadeiros piás-de-prédio, trancafiados no carro ou sentados sozinhos, enquanto que, se todos os que estavam na praça fizessem os filhos trocarem, os pirralhos fariam muitos novos amigos, trocariam contato, aprenderiam a brincar, trocar as figurinhas, se organizar pra que não se percam no meio da troca, e a se policiar pra que ninguém os passe pra trás. AH, e JOGARIAM BAFO!!! Pasmem, não achei NINGUÉM jogando bafo!!!! No meu tempo de criança, álbum de figurinhas com figurinhas repetidas era sinônimo de bafo, pra apostar as repetidas e desafiar os coleguinhas. Nem isso fazem mais...

Enfim, depois posto sobre os outros tipos que encontrei na praça, e o que acho de cada um deles... ;)

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